Ao ingressarem na expedição do Marechal Rondon (Expedição Rocandor – Xingu), criada na Era Vargas para iniciar a ocupação do oeste brasileiro, abrindo a picada para a instalação de uma linha de telégrafo, os irmãos Vilas Boas davam início à preservação da cultura indígena. Claudio,  Orlando e  Leonardo, findada a Expedição Rondon, se dedicaram a preservar a cultura originária brasileira. Para tanto, trabalharam pela criação de uma área florestal que  abrigaria o  parque  indígena do Xingu, desenvolvido pelos irmãos sertanistas durante o governo de Juscelino Kubitscheck, mas homologado pelo seu sucessor, Jânio Quadros.

A preservação da cultura originária começa aí. No contato e convencimento das etnias pela transferência, os Villas Boas selecionaram crianças e jovens para serem preparados para a liderança.  Levaram-nos  para  dentro  das  casas  em  São Paulo,  para  propiciar ensino até graus universitários. Preparar lideranças para desenvolver as tradições dos povos originários: eis o legado.

“Posso ser quem você é sem deixar de ser quem sou”. A vida de Ailton Krenak confirma esta frase grafada por Darcy Ribeiro para explicar o anseio do povo tupi-guarani depois do contato com outros povos. Ailton deixou sua aldeia do Vale do Rio Doce, em Minas Gerais, para se formar em comunicação e sair se comunicando com todas as etnias possíveis Brasil afora. E o fez de forma tão intensa que isso lhe permitiu representar todos os povos originários na Assembleia Constituinte de 1988. Para tanto, ele havia criado o Instituto para Desenvolvimento das Tradições Indígenas (IDETI), que, a exemplo dos irmãos Villas Boas, deu guarida e propiciou ensino universitário a jovens das mais diversas etnias.

Um desses jovens, acolhido na casa de Ailton Krenak em São Paulo, foi Leopardo Kaxinauá, da aldeia Kuim, Vale do Juruá. Filho do cacique Siã, Leopardo foi fundador da Associação Casa do Estudante Tradicionalmente Organizado (Aceito), ao lado do Raoni Vilas Boas, da bióloga Karen Krutenden e do dentista Thor Itaparica. Vinicius Antonelli, um jovem atleta profissional de polo aquático, apoiou a primeira ação da Aceito: a recuperação dentária de uma jovem liderança dos povos do Juruá. Nos anos seguintes, esforços foram dirigidos para a criação do estatuto, composição do quadro de sócios, montagem da sede e oficialização da entidade, obtida em 2008. Mas já em 2010 a vida de Raoni foi brutalmente ceifada, mudando o curso da história da Aceito.

O exemplo de Raoni inspirou jovens com o mesmo idealismo pela causa ambiental e social. Em 2012, Vinícius e Ipojucã, irmão de Raoni, criaram o Instituto Raoni Vilas Boas (IRVB), mantendo o estatuto e os princípios da Aceito. Suas ações foram ampliadas: em parceria com a prefeitura de Osasco, o IRVB recuperou nascentes, administrou o parque ecológico Glauco Vilas Boas, ministrou aulas de música e artes marciais para alunos da rede municipal. Paralelamente a essas atividades, o IRVB seguiu seus passos rumo à floresta, implantando apicultura no Vale do Juruá, junto a várias iniciativas de assistência social.

Diversos projetos de caráter socioambiental e comunitário são iniciados e retomados, como o Programa AmaGaia, na Amazônia, e o Sitião Agroflorestal, em Terra Roxa, todos guiados pela onda que se espalha pelo mundo, a onda da Nova Era, e apoiados pelo CNPJ do Instituto Raoni Vilas Boas.

Início de um intenso processo de integração entre os diversos projetos desenvolvidos e apoiados pelo futuro Instituto Nova Era, que até então era fomentado por um grupo de idealistas, bem como a inserção desses projetos em sua agenda social, cultural, ecológica e econômica.

Alteração e oficialização da nova razão social: Instituto Nova Era de Desenvolvimento Socioambiental, ou apenas Instituto Nova Era, fazendo uso do histórico e constituição jurídica do antigo Instituto Raoni Vilas Boas, acompanhada da eleição para nova diretoria, composição de nova equipe técnica e mudança da sede da cidade de Osasco para a cidade de Ribeirão Preto.

Pensando na regeneração e no contato mais próximo com alguns dos principais projetos em implementação, em 2023 a Sede do Instituto Nova Era foi transferida para a Fazenda Painal, localizada no município de Cravinhos-SP. O local dispõe de sistemas agroflorestais, viveiro, meliponário, bioconstruções, nascente, jardim sensorial e animais.